Dir-se-iam sonhos de alfazema.
Mas aquiescem e perdem os sentidos -
são cegos, agora.
Mudos, surdos, paralíticos cadáveres
compadecidos pelos vivos.
São o que restou dos destroços
de tempestades irreais,
as ruínas à deriva em mares iludidos.
Caíram no degredo da putrefacção,
olvidados pelos escombros,
caixões pesados - barcas além-rio,
para atravessar para os mundos de Hades.
Perséfone embala-os meio ano,
prendendo-os em bagos sumarentos
trazidos de aleg(o)rias de vivos.
São fragmentos, estilhaços de porcelana,
a quem lhes foi roubado o espectro.
E vagueiam, em eternos oceanos do submundo,
em busca das violáceas recordações de alfazema que,
outrora, foram.
[Para o Colinas.]
2 comentários:
Lindíssima a alusão ao Inferno de Hades e fantásticas as metáforas que o envolvem.
Gostei ^^
Giro, gostei em especial da estrofe onde fazes referência a Perséfone.
Juizinho.
Beijinho.
Adoro-te***
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