Fria.
Resolutamente gelada, sem o calor
sequer da melodia gasta.
E ainda, por demais, indiferente.
Presa pela minha cadência que
nunca, jamais, é monótona.
E ser vária!
Ser gota e gota e gota
x o quase infinito
e infiltrar-me, penetrando,
por toda a parte, olvidando-me
e dividindo-me! Estou e sou
aqui e aqui (ou no acolá próximo); e nunca,
[mais nunca que antes]
há em mim solidão, que ela esvai-se
como eu me esvaio,
por peles douradas,
e casas caiadas-pintadas
e telhados que vêem toujours o sol,
pelas imundas sarjetas onde
escorrem também os detritos do mundo,
ou pelas folhas que se diriam orvalhadas,
se estes pedaços diamantinos de mim
fossem menos e menores.
Eis-me! neste exaltar de mim,
celebro-me gloriosamente
ao escorrer-me para o meu terminar.
Por agora (me!, me!, me!)
transformo-me e sou una e sou partes
que se descaem e me desfazem
e me arrancam bocados.
Plim plim plim plim
que ecos doces que me abalam
ouvidos que não tenho.
Sou-me, enquanto desço e deslizo e serpenteio
neste êxtase de quase delírio,
"Lucy in the sky with diamonds",
mas sem saber quem é esta Lucy,
e do céu caio eu, desmanchando-me.
O meu nome é chuva.
3 comentários:
Por falar em chuva... hoje uma gota acertou-me no nariz!!! É vil... -.-'
Muito, muito, muitomuitomuito bonito =D
chuva!
grande poema dona kath, gostei muito ^^
Gostei, sim senhora. E sabes que nem sempre é fácil eu gostar de poesia xD
Parabéns ;-)
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