Tanto ascendeste, meu amor,
que agora desconheces,
na tua cega apatia do apogeu,
que a queda é maior que a escada.
Nunca subiste tanto, meu amor,
nunca antes tocaras o céu,
e agora não sabes como é duro,
como descer é o único caminho.
Não temeste por ti, meu amor,
enquanto eras tão áureo e ofuscante,
refulgias como sol poente,
todo tu ouro polido.
Não temeste pelos outros, meu amor,
pelos que te tomaram por deus,
um culto que te vangloriava,
arrastando atrás a glória.
E agora que tens de descer, meu amor,
perdes-te e devaneias sonhos alucinados,
o medo toma de ti conta,
estremeces ao deixar para trás o estio.
Arrastaste contigo as cores, meu amor,
nessa tua queda espiralada no nada,
manchaste o negro de cinza,
estás agora moribundo, enfim.
Chegou agora o final, meu amor,
sopra pois teu fôlego último,
suspira dó e lamento fúnebre,
deixa-me desencantada carpideira.
Velo agora por ti, meu amor,
por tua mente quebrada e ida,
demasiado depressa desceste,
foi teu o fim mas eu fico morrendo.
1 comentário:
Carregado de dor, paixão, e emoção. Lindo.
Tiago
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