Nada mais há que ame que não o amar alheio
O olhar que se derrama pelo soalho polido
A gargalhada ofuscada pelo silêncio,
shhhh.
Nada mais há, pois amo eu o que não me resta
A saudade do ontem que afinal não pode ser —
Não será, — transposta para o futuro
O que quando foi não o quis.
Não amo mais que isso, que o nada
Esse que se prende com os outros,
Com os abraços vividos em consonância com o tempo
Com as mãos enlaçadas em 'sperança.
Amo o dia que não é meu,
Amo a noite que nunca me toca,
As vidas que me roçaram
Tangentes, jamais me tocaram.
Amo o sempre e o todavia,
Quando se encontram nas encruzilhadas
Manchadas por tiras de medo.
Amo as horas que revoluteiam e se repetem
Sem jamais se repetirem.
Amo-vos, oh seres consagrados da injustiça,
Amo a Moira que fado traça e cumpre
Ainda que a odeie mais que à tesoura rangente.
Amo os caminhos destraçados e as práticas desfeitas
Os cânticos imbuídos de insignificância dramática
Expoente maculado de coisa nenhuma
que eu amo.
E vivo o que amo no amor alheio dos que amam mais que eu.
[Dedicatória às duas Ninis.]
6 comentários:
Lindo, como só tu sabes fazer ^^
^^ Obrigada, mas não gostei assim muito dele. Estou desinspirada. *sniff*
Obrigada! E não estavas desinspirada. Está muito bom. ^^
Tenho de andar a verificar que Inês é. xD E estava sim, homessa, eu é que sei. Hmph.
Não sabes nada
Recebeste um selo no meu blog xD
(enfim...)
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