hoje a chuva cheirou a chuva.
tirei o riso do âmago e ri, e o riso cresceu na rua larga
sob o plúmbleo céu de quase-primavera.
a chuva que cheirava a chuva, num riscar do limiar das estações,
roçou-me a pele como quem roça o sonho,
num entre-suspiro de aroma a infinito. cheirou-me a chuva
sobre o betão salpicado, naqueles segundos feitos para o mundo.
a sorte crescia-me na língua e o dia fugia de mim, pautado pelos rasgos
de sentido de sintonia com as horas.
foge o dia o tempo as cores, resta o cinzento vivo do céu choroso
e a luz morta do quarto, com paz, que paz, agora que se escoa a sorte da língua.
porque há dias assim, de terna alegria contida no viver,
dias em que a chuva cheira a chuva.
3 comentários:
Está tão lindo! *.*
É um dos meus preferidos até agora!
O Sapiens fez uma música com ele! :D
Obrigada. ^^
Adorei! Mas já é invevitável não o ler com música xD
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