terça-feira, 27 de maio de 2008

O meu nome.

Fria.
Resolutamente gelada, sem o calor
sequer da melodia gasta.
E ainda, por demais, indiferente.
Presa pela minha cadência que
nunca, jamais, é monótona.

E ser vária!
Ser gota e gota e gota
x o quase infinito
e infiltrar-me, penetrando,
por toda a parte, olvidando-me
e dividindo-me! Estou e sou
aqui e aqui (ou no acolá próximo); e nunca,
[mais nunca que antes]
há em mim solidão, que ela esvai-se
como eu me esvaio,
por peles douradas,
e casas caiadas-pintadas
e telhados que vêem toujours o sol,
pelas imundas sarjetas onde
escorrem também os detritos do mundo,
ou pelas folhas que se diriam orvalhadas,
se estes pedaços diamantinos de mim
fossem menos e menores.

Eis-me! neste exaltar de mim,
celebro-me gloriosamente
ao escorrer-me para o meu terminar.
Por agora (me!, me!, me!)
transformo-me e sou una e sou partes
que se descaem e me desfazem
e me arrancam bocados.

Plim plim plim plim
que ecos doces que me abalam
ouvidos que não tenho.
Sou-me, enquanto desço e deslizo e serpenteio
neste êxtase de quase delírio,
"Lucy in the sky with diamonds",
mas sem saber quem é esta Lucy,
e do céu caio eu, desmanchando-me.

O meu nome é chuva.

3 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Por falar em chuva... hoje uma gota acertou-me no nariz!!! É vil... -.-'

Muito, muito, muitomuitomuito bonito =D

Laepo disse...

chuva!

grande poema dona kath, gostei muito ^^

Francisco Norega disse...

Gostei, sim senhora. E sabes que nem sempre é fácil eu gostar de poesia xD

Parabéns ;-)