segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

esperas à minha beira

esperas à minha beira
sentada de mãos no regaço
enquanto perco os trilhos pelas faces
e o silêncio pela dor.
de olhos carregados observas
a ruína que me toma, e eu não sei
-nunca soube-
mais que desfazer-me em tuas mãos
uma e outra vez
com soluços que me arrancam a alma

não sorris.
desconheço o prazer que tomas em destruir-me assim,
sem palavras ou gestos ou existência
sem humanidade maior que a minha.
não há mais que isto, menos, é igual ser e
não ser será o limite da ignomínia,
antes caíssem as pontes e eu
sempre eu
ficaria aqui, sentada à tua beira
mas dói, dói tanto
até te cansares e partires
por hoje.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

é a mesma.

é a mesma. a de sempre, a de nunca,
a de amanhã.
cá te espero de tinta e mágoas
em branco véu para começarmos de novo.
já perdeste mais que uma palavra
e agora és areia passada,
rebocada pelo mar da memória.
são tons que não contam não sentem
não são

foram tantos, em dias maiores com dores
mas não quero mais que me toquem
e me arrastem para teu mar profundo.
o que cometi na ignomínia do egoísmo
evoca-se na incoerência da tua culpa
e a minha assim se esbate.
deixo o meu mundo sem o teu
inspiro fundo o sabor a liberdade
deixo de ser mártir ou pecadora
sou os vários pedaços de mim.

[21/09/11]

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

fica

fica, não partas também.
deixa-me ser teu olvido e
a tristeza de teus olhos baços

não vás, quero-te aqui.
quero o teu som rouco de idade
e a tua consistência constante

as partidas são tão longas
demasiado
e não sei mais onde esconder as lágrimas

não partas também, fica.
deixa-me alimentar-te com meus sorrisos
e viver-te com a honestidade murada

[se a hora for definitiva
e a perpetuidade do que desejo se for
serás de todas as cores de que 
são feitas as estrelas
e não estarás só]