Quero sentar-me na noite e jogar às cartas com o Silêncio.
Esquecer que há mais que aquelas trevas banhadas de luz rasgadae que aqueles momentos em que as horas não passam.
As cores fundem-se e mesclam-se suavizadas pelos candeeiros,
pelos travos de luar na língua - agridoces, amargura em pó -pela companhia única que somos eu e o Silêncio.
Se eu não bisco ele não bisca e jogamos assim,
por turnos, este jogo de sorte do qual não gostomas serve de entretien e te enlaça e a mim.
para o ralo de vácuo do sono) o que me faz a ti tão apegada.
E se não te quero comigo apenas canto.Trazes contigo o calor da Raiva e o frio da Solidão,
e quando, nesses raros momentos de luto por ti,vens só, somos quase amantes cansados, não é verdade, meu doce Silêncio?
Se cometêssemos o adultério das palavras,
tropeçando em votos teus por ti por mim por nós pelo resto,abandonavas-me sem a misericórdia do relancear último.
as encarnações que vivemos tantos e muitos anos,
és a minha ternura serena e eu sou a tua mundaneidade.