as vozes estão todas dentro de mim
vêm de alegrias e comoção,
recheadas de auspícios de boaventura
— são arautos de medo
e estão todas cá dentro.
orladas de pérolas choradas
de abismos de tempo perdido
de sonhos gastos
que nunca tive.
estão cá dentro, com garras e morte
e gritos que cá ficam
porque estão cá dentro
e cá dentro ficam
sábado, 22 de setembro de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
amarras
preciso de uma realidade forte e suave
de gestos com palavras que me toquem
me prendam
me soltem
de desejos, não de sonhos
de mãos que me sustenham aqui
não me larguem para o céu
mas eu sei ser sozinha
e as amarras que preciso
prendo-as eu
por ora
(não chegam)
01.07.2012
de gestos com palavras que me toquem
me prendam
me soltem
de desejos, não de sonhos
de mãos que me sustenham aqui
não me larguem para o céu
mas eu sei ser sozinha
e as amarras que preciso
prendo-as eu
por ora
(não chegam)
01.07.2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
não estás aqui
há todos os espaços que precisam de ser cheios
e as palavras que não chegam nem lhes tocam
nos vazios onde cresce a noite
e nas horas quando se evaporam desejos
e não encontram voz em sussurros
quando os gritos são ecos
serás és foste foras
nunca serias ou agora
os olhos fechados ao quarto desenham clausuras
mas já não estás aqui
por que não estás aqui?
é a tua mão que oiço nos dias escuros
estendo a minha
e perdi-te.
por que não estás aqui?
e as palavras que não chegam nem lhes tocam
nos vazios onde cresce a noite
e nas horas quando se evaporam desejos
e não encontram voz em sussurros
quando os gritos são ecos
serás és foste foras
nunca serias ou agora
os olhos fechados ao quarto desenham clausuras
mas já não estás aqui
por que não estás aqui?
é a tua mão que oiço nos dias escuros
estendo a minha
e perdi-te.
por que não estás aqui?
domingo, 4 de março de 2012
esta vida é uma morte lenta
esta vida é uma morte lenta
de indiferença em indiferença
até uma apatia maior
abulia da alma com o corpo.
esta vida é um crepúsculo
sei-o bem de cinzentos
cores do meu coração
cores do âmago do mundo.
esta vida, como todas, é não sentir.
é fenecer como as flores
e perder todos os modos de amar
enquanto os anos são nossos.
esta vida é um espelho sem nós
que não há lugar para ser
nesta vida que não nos tem.
esta vida é um abismo e
nada.
de indiferença em indiferença
até uma apatia maior
abulia da alma com o corpo.
esta vida é um crepúsculo
sei-o bem de cinzentos
cores do meu coração
cores do âmago do mundo.
esta vida, como todas, é não sentir.
é fenecer como as flores
e perder todos os modos de amar
enquanto os anos são nossos.
esta vida é um espelho sem nós
que não há lugar para ser
nesta vida que não nos tem.
esta vida é um abismo e
nada.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
pedem-me palavras
pedem-me palavras que não tenho
e sorrisos que perdi
quando era de todas as cores e o dia
era meu.
as palavras - talvez nunca as tenha tido
- eram trejeito a solavancos de vivências
e bálsamos para maleitas de espírito.
os sorrisos, esses, deixei-os pela estrada
com as flores que nunca colhi.
guardá-las-ei para quando todas as cores forem minhas e
o dia for meu
de novo
e sorrisos que perdi
quando era de todas as cores e o dia
era meu.
as palavras - talvez nunca as tenha tido
- eram trejeito a solavancos de vivências
e bálsamos para maleitas de espírito.
os sorrisos, esses, deixei-os pela estrada
com as flores que nunca colhi.
guardá-las-ei para quando todas as cores forem minhas e
o dia for meu
de novo
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
esperas à minha beira
esperas à minha beira
sentada de mãos no regaço
enquanto perco os trilhos pelas faces
e o silêncio pela dor.
de olhos carregados observas
a ruína que me toma, e eu não sei
-nunca soube-
mais que desfazer-me em tuas mãos
uma e outra vez
com soluços que me arrancam a alma
não sorris.
desconheço o prazer que tomas em destruir-me assim,
sem palavras ou gestos ou existência
sem humanidade maior que a minha.
não há mais que isto, menos, é igual ser e
não ser será o limite da ignomínia,
antes caíssem as pontes e eu
sempre eu
ficaria aqui, sentada à tua beira
mas dói, dói tanto
até te cansares e partires
por hoje.
sentada de mãos no regaço
enquanto perco os trilhos pelas faces
e o silêncio pela dor.
de olhos carregados observas
a ruína que me toma, e eu não sei
-nunca soube-
mais que desfazer-me em tuas mãos
uma e outra vez
com soluços que me arrancam a alma
não sorris.
desconheço o prazer que tomas em destruir-me assim,
sem palavras ou gestos ou existência
sem humanidade maior que a minha.
não há mais que isto, menos, é igual ser e
não ser será o limite da ignomínia,
antes caíssem as pontes e eu
sempre eu
ficaria aqui, sentada à tua beira
até te cansares e partires
por hoje.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
é a mesma.
é a mesma. a de sempre, a de nunca,
a de amanhã.
cá te espero de tinta e mágoas
em branco véu para começarmos de novo.
já perdeste mais que uma palavra
e agora és areia passada,
rebocada pelo mar da memória.
são tons que não contam não sentem
não são
foram tantos, em dias maiores com dores
mas não quero mais que me toquem
e me arrastem para teu mar profundo.
o que cometi na ignomínia do egoísmo
evoca-se na incoerência da tua culpa
e a minha assim se esbate.
deixo o meu mundo sem o teu
inspiro fundo o sabor a liberdade
deixo de ser mártir ou pecadora
sou os vários pedaços de mim.
[21/09/11]
a de amanhã.
cá te espero de tinta e mágoas
em branco véu para começarmos de novo.
já perdeste mais que uma palavra
e agora és areia passada,
rebocada pelo mar da memória.
são tons que não contam não sentem
não são
foram tantos, em dias maiores com dores
mas não quero mais que me toquem
e me arrastem para teu mar profundo.
o que cometi na ignomínia do egoísmo
evoca-se na incoerência da tua culpa
e a minha assim se esbate.
deixo o meu mundo sem o teu
inspiro fundo o sabor a liberdade
deixo de ser mártir ou pecadora
sou os vários pedaços de mim.
[21/09/11]
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
fica
fica, não partas também.
deixa-me ser teu olvido e
a tristeza de teus olhos baços
não vás, quero-te aqui.
quero o teu som rouco de idade
e a tua consistência constante
as partidas são tão longas
demasiado
e não sei mais onde esconder as lágrimas
não partas também, fica.
deixa-me alimentar-te com meus sorrisos
e viver-te com a honestidade murada
[se a hora for definitiva
e a perpetuidade do que desejo se for
serás de todas as cores de que
são feitas as estrelas
e não estarás só]
deixa-me ser teu olvido e
a tristeza de teus olhos baços
não vás, quero-te aqui.
quero o teu som rouco de idade
e a tua consistência constante
as partidas são tão longas
demasiado
e não sei mais onde esconder as lágrimas
não partas também, fica.
deixa-me alimentar-te com meus sorrisos
e viver-te com a honestidade murada
[se a hora for definitiva
e a perpetuidade do que desejo se for
serás de todas as cores de que
são feitas as estrelas
e não estarás só]
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