sábado, 12 de dezembro de 2009

Último futuro.

d'imprevisto constrito recuou, temeroso,
perdido de infâmia vil,
cruel sensação de tempo incrédulo,
oxalá os deuses fossem imortais.
com eles se vai a glória, o árduo esforço,
os louros que os coroaram de bravos cavaleiros do futuro.
todos os futuros se gastam,
embalados na inconfundível corrente d'infinitos
sentidos com cálidas palmas de insossa desonra.
por que não nos fomos com eles,
avatares dos sonhos terrenos,
agora são-nos abstrusas suas vontades,
emaranhadas de insanidades coruscantes.
que de ofuscados nos ficamos, roubou-nos a vida a voz,
o tempo a fama, a memória a sombra;
resta-nos esperar o último futuro,
presente que nos espera, iminente.

[Para o Colinas.]

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Soneto IV

Tão lenta que é a esp'rança a fenecer.
Fica e desgasta, dor que permanece,
Ansejo podre d'alma, entristece,
É penumbra de eterno entardecer.

Vai, esp'rança, não me deixas viver
Senão com esta angústia que entorpece,
Esgotamento que me desfalece.
Vai, esp'rança, não tardes a morrer.

Vivo então contigo em rompido pranto,
Rasgado peito em dor e sofrimento.
Vai. Falece de vez, esp'rança minha,

Salva meu coração desse entretanto
Em que não morres, meu padecimento.
Vai, esp'rança, melhor fico sozinha.