quarta-feira, 14 de julho de 2010

lá fora

lá fora.
entre os candeeiros acesos para matar as estrelas
e as janelas corridas para não entrar a noite
lá fora.
onde estão os crepúsculos e amanheceres
e o sol e a lua giram pelo fim, exauridos
lá fora.
imersos no vento que é sopro de frestas,
feito de suspiros de vozes embaladas
lá fora.
no lugar onde os acordes de músicas perfeitas
arrancam notas de jubilosa tristeza

lá fora.
lá fora estão todos os caminhos e lá fora perdi-te,
era doce de viagens de casa em casa, sussurros de brisas,
carícias, pecados, sonhos desconhecidos da derradeira.
como pode o mundo ficar para trás quando o carregas no peito?
lá fora é a serventia do silêncio obliterante,
do rodar das engrenagens que te amam a alma.
se a tens.
lá fora perdes o dom da nostalgia pelo da melancolia
e a todas as horas os dedos gastam-se pelo dedilhar de pianos sós.

ao longo dos passos caminha a sombra dos dias felizes,
lá fora.

[ao biscoito]