domingo, 19 de setembro de 2010

Nostalgia

faltam-me aqui, no calor escorreito e leve, as gargalhadas roucas da tua alma
e os bocejos que tocam os fins das manhãs, do tamanho do teu imenso sorriso.
e todas as discussões são estradas de paciência mal calcorreadas, perdendo-se
enquanto chegamos a lado nenhum entre palavras acesas de teimosia.
outros te diziam o mesmo, a ti que és quem me lembro de não ter,
que guardavas os actos para a gentileza e a acidez para os discursos virulentos,
que aquecias de amor ou frustração com tua impetuosa voz, mas nunca foste tu de ouvir,
ou eu, que é de família esta surdez, memória bem-amada e contraditória, pejada de saudades.
e, não te vendo, sabe que estás entre as alegrias e és lembrado com tanto carinho que dói,
e que a árvore que podaste cresce de ano para ano, mais alta e imponente que nunca.  

[Para o Colinas.]

2 comentários:

Patrícia disse...

Não sei se será este o poema indicado para o dizer, mas visto que todos eles ultrapassam o limite, posso dizê-lo em qualquer um, não é? Sabes que é sobrenatural um pessoa cativar-nos completamente com as suas palavras e nos fascinar com isso?
É isso que me acontece a ler tudo o que entre neste blog, e tinha de o dizer. Continua a escrever assim. Que estou apaixonada pela tua escrita.

Kath disse...

Obrigada, Lifi. É bom saber que as minhas palavras tocam alguém.

:)