quarta-feira, 29 de agosto de 2018

gémea da minha alma

os anos correram e eu não.
esqueci-te, larguei as mágoas e amarras,
fechei os olhos ao tempo e ao sentir.
seria assim simples
- como suspiro profundo -
e não teria mais de te ver, irmã,
gémea da minha alma.

mas apenas deambulei cega,
de tropeção em queda,
e o meu corpo insensível e magoado
fingia não sentir.
fui enganada pelas palavras,
as que disse de mansinho,
sem que desse conta,
e julguei ser livre do que era
do que fui
do que sou.

e agora,
de olhos abertos e sonhos de dor,
descubro que as amarras cá estão,
que de mágoas estou cheia,
que nunca deixaste a minha beira, irmã,
gémea da minha alma.

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