segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Ritual Monotonia.

Sabes que hoje é igual.
Que hoje, o teu espreguiçar e enxotar o sono
é clone do ontem e do que foi antes porque tudo
é sempre o mesmo. Atiras-te de cabeça para os desfiladeiros
que, afinal, são estradas pejadas de viaturas; de cansados instrumentos
de condução ao inferno (monótono).
Sabes que hoje é igual.
Que não há simbólicas cores que quebrem o rotineiro cinzento
que se alastra em manchas agregadas por tons - mais escuros,
mais claros. A indecência de vivências conjuntas repetidas alastra
e há pouco a acrescentar ao que já é conhecido.
Os gritos que ouves são os mesmos de agora e de sempre,
ecos imaginados até à infinidade - serão os homens eternamente os mesmos?
Sabes que hoje é igual.
Mas rebelas-te contra a rotina, bates o pé, e afirmas, peremptoriamente:
Hoje não me apetece.


Para o Colinas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Como os dias se acabam por tornar tão tristes quando nos sentimos presos a um ciclo...

Verdade que ninguém gosta da rotina, é certo. Contudo se não fosse ela, que sentimento de segurança ás vezes teríamos quando não contamos com a imprevisibilidade da vida e nas partidas que nos prega?

Quanto ao texto, uma descrição bastante expressiva da temática. Seria bom pensar que poderíamos assim rebeliar da rotina como faz parecer,mas pelo menos é um bom incentivo a isso ;)

Kath disse...

E podemos sempre quebrar a rotina e a monotonia nas estações de metro a jogar às cartas e a cantar. x)

A rotina tanto tem a vantagem como a desvantagem da previsibilidade. O ideal é um pouco de tudo.

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

É verdade que é o Homem que cria a sua própria "monotonia". E se assim é, também a pode quebrar, como quem recebe uma renovada lufada de ar fresco.

Uma óptima descrição diria a minha pessoa, na monotonia que é ler a beleza dos teus textos e poemas ^^

(Viste, Kath? Estás-me a tornar monótona. Achas bem? =P )