quarta-feira, 6 de maio de 2009

O que amo.

Nada mais há que ame que não o amar alheio
O olhar que se derrama pelo soalho polido
A gargalhada ofuscada pelo silêncio,
shhhh.

Nada mais há, pois amo eu o que não me resta
A saudade do ontem que afinal não pode ser —
Não será, — transposta para o futuro
O que quando foi não o quis.

Não amo mais que isso, que o nada
Esse que se prende com os outros,
Com os abraços vividos em consonância com o tempo
Com as mãos enlaçadas em 'sperança.

Amo o dia que não é meu,
Amo a noite que nunca me toca,
As vidas que me roçaram
Tangentes, jamais me tocaram.
Amo o sempre e o todavia,
Quando se encontram nas encruzilhadas
Manchadas por tiras de medo.
Amo as horas que revoluteiam e se repetem
Sem jamais se repetirem.

Amo-vos, oh seres consagrados da injustiça,
Amo a Moira que fado traça e cumpre
Ainda que a odeie mais que à tesoura rangente.

Amo os caminhos destraçados e as práticas desfeitas
Os cânticos imbuídos de insignificância dramática
Expoente maculado de coisa nenhuma
que eu amo.

E vivo o que amo no amor alheio dos que amam mais que eu.

[Dedicatória às duas Ninis.]

6 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Lindo, como só tu sabes fazer ^^

Kath disse...

^^ Obrigada, mas não gostei assim muito dele. Estou desinspirada. *sniff*

Inês disse...

Obrigada! E não estavas desinspirada. Está muito bom. ^^

Kath disse...

Tenho de andar a verificar que Inês é. xD E estava sim, homessa, eu é que sei. Hmph.

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Não sabes nada

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Recebeste um selo no meu blog xD

(enfim...)