sábado, 7 de fevereiro de 2009

Queda.

Tanto ascendeste, meu amor,
que agora desconheces,
na tua cega apatia do apogeu,
que a queda é maior que a escada.

Nunca subiste tanto, meu amor,
nunca antes tocaras o céu,
e agora não sabes como é duro,
como descer é o único caminho.

Não temeste por ti, meu amor,
enquanto eras tão áureo e ofuscante,
refulgias como sol poente,
todo tu ouro polido.

Não temeste pelos outros, meu amor,
pelos que te tomaram por deus,
um culto que te vangloriava,
arrastando atrás a glória.

E agora que tens de descer, meu amor,
perdes-te e devaneias sonhos alucinados,
o medo toma de ti conta,
estremeces ao deixar para trás o estio.

Arrastaste contigo as cores, meu amor,
nessa tua queda espiralada no nada,
manchaste o negro de cinza,
estás agora moribundo, enfim.

Chegou agora o final, meu amor,
sopra pois teu fôlego último,
suspira dó e lamento fúnebre,
deixa-me desencantada carpideira.

Velo agora por ti, meu amor,
por tua mente quebrada e ida,
demasiado depressa desceste,
foi teu o fim mas eu fico morrendo.

1 comentário:

Tiago Mendes disse...

Carregado de dor, paixão, e emoção. Lindo.

Tiago