sexta-feira, 6 de março de 2009

As cores do coração.

A felicidade está pintada pelos cantos.

Subitamente, gostava de ter sido eu a escolher as paletas. Certamente optaria por outros tons. Um pouco mais de egoísmo, talvez uma dose mais pequena de compaixão. Emoções vibrantes de tonalidades claras mas carregadas, para melhor se ajustarem à alegria com que pretendo preencher as paredes.

No tecto colocarei a tristeza, claro.

Deixá-la-ei pender sobre mim e banhar-me com equilíbrio, sem a tornar pesada ou enfadonha, uma pincelada aqui de melancolia, outra ali de mau-humor, combinações encantadoras ornadas com pequenos candeeiros com velas de paz. Se tenho de meter cortinas, para que a luz não entre a jorros e me descolore os sentimentos com desmesurada abulia, talvez escolha umas de cor pacífica, como a tranquilidade ou a calma.

Aos quartos, esses, adequa-se bem a paixão e a solidão, que se equilibram bem numa balança, com esboços de decadência precoce. A cozinha será um antro de eficiência e sabores, deixo-lhe então destinadas a inspiração e a vontade de caotizar.

Por fora, enfim, essa é a cor impossível de definir. Se por dentro pinto das cores que quero o coração, por fora a aparência tem de ser única e uniforme. É cor de alegria a cair por cima de uma camada de apatia.

1 comentário:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Está muiro bem escrito, como sempre, contudo, penso que nunca poderás ser tu a escolher as cores, elas são traiçoeiras e metediças. E mais, são teimosas como quem as quer utilizar e não se deixam apanhar.

Tens que lhe mostrar quem manda! =P

Beijinhos!